Olha, este AnderSonsBlog é um crítico contumaz do prefeito de Boquim, Eraldo do Cabeça Dantas (Progressistas). Da expulsão de seu vice, Chicão (PT), do modesto gabinete que ocupava até os imbróglios envolvendo a escolha do nome para a sua sucessão, erros e equívocos contínuos marcam essa 2ª gestão de Eraldo, visto que ele foi reeleito em 20.
Agora, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa! Senão, vejamos: cinco vereadores boquinhenses prestaram queixa contra Eraldo no Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública, o conhecido Deotap. Até aí, nada de anormal, beleza?
Esse grupo, encabeçado vereador Jonas Vidal (PT), o único dos cinco que concedeu entrevista à TV Atalaia sobre o assunto (assista AQUI), acusa o prefeito de Boquim de mal uso de combustível por parte da gestão, além de um aumento de gastos considerado pelos parlamentares como absurdo, pois alegam que em 21 o custo era de algo mais de R$ 1 milhão e, em 23, esse valor passou para quase R$ 3 milhões.
Mas vamos por partes: primeiro que, numa rápida ‘googlezada’, descobre-se que o preço médio da gasolina, usada como exemplo por se tratar, de longe, do combustível mais utilizado pelas frotas municipais, em 21 era de R$ 4,51. Já em 23, esse preço médio foi de R$ 5,58, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Combustíveis e Biocombustíveis (ANP). Levando-se em consideração que os combustíveis em Sergipe sempre tiveram preços acima da média nacional, aí é só fazer a conta.
É claro que essa diferença nos preços da gasolina não justifica a diferença nos gastos de um ano para o outro. Mas como os vereadores mesmo observaram, em 21 o posto que abastecia a prefeitura era na cidade de Boquim. Já em 23, por conta de um pregão eletrônico, o posto vencedor fica no povoado Água Fria, município de Salgado – o que é uma contradição, mas que a Comissão de Licitação de Boquim seguramente tem uma explicação plausível –, portanto gerando uma despesa maior para se abastecer visto que, entre idas e vindas, cada veículo passou a percorrer cerca de 50 km a mais a cada abastecimento.
E tem mais um fator: entre 21 e 22, não apenas a cidade de Boquim, mas todos os municípios de Sergipe e do Brasil tiveram um acréscimo nas suas frotas, fruto de emendas parlamentares e convênios diretos com o Governo Federal, afinal 22 foi ano de eleição, né isso?
Ou seja: ainda que o aumento dos gastos com combustíveis seja realmente muito grande, o que justifica plenamente a denúncia dos vereadores, a gestão de Eraldo tem como explicar detalhadamente essa diferença entre os valores gastos em 21 e 23. Se as explicações convencerão ou não, aí já é outra história!
Mas o que causa espanto a este AnderSonsBlog são duas coisas bem objetivas. A primeira delas é que, neste ano da graça de 24, temos eleições municipais, perfeito? E, dentre os nomes na disputa em Boquim, está o do tio do governador Fábio Mitidieri, o empresário Jorge Mitidieri, ambos do PSD.
Daí aos vereadores irem ao Deotap e, certamente por conta do trabalho de suas assessorias, ocuparem fartos espaços na mídia, inclusive concedendo entrevistas em frente ao órgão da Segurança Pública sergipana, não passa uma imagem de que há a possibilidade de utilização eleitoral – ou eleitoreira, como queira, leitor e leitora – sobre a tal denúncia realizada?
E, pior ainda, sendo a Segurança Pública comandada pelo governador e sendo o tio dele pré a prefeito de Boquim, não há o risco de se aventar um suposto uso indevido da força policial e investigativa do governo no sentido de ‘apertar’ desafetos e adversários políticos?
A casa aqui, de jeito maneira e de forma alguma, acredita nem que Fábio e nem que Jorge tenham conhecimento e/ou envolvimento com esse caso. Mas o fato é que, no afã de agradar o poder de plantão, alguém pode ter exagerado na dose e, com isso, a população de Boquim pode acabar cismando e se invocando com isso tudo, né verdade?
E como se trata de uma denúncia que, efetivamente, pode ter procedência, não seria melhor que os vereadores a fizessem, mas deixando a ostensiva publicidade para depois que as investigações fossem concluídas?
Eis um questionamento que merece ser avaliado pela população de Boquim e das demais cidades sergipanas. Até porque a democracia não tolera um estado policialesco. Portanto, é preciso muito cuidado no trato de assuntos desse tipo por parte das autoridades constituídas, justamente o caso dos vereadores de Boquim. E que siga o baile!