Quem dizia era Luiz Gonzaga, o imenso e eterno Rei do Baião, em Vozes da Seca: “mas dotô/uma esmola a um homem qui é são/ou lhe mata de vergonha/ou vicia o cidadão”.
Nesses tempos modernos e internéticos, essa ‘esmola’ citada por Gonzaga pode ser claramente percebida nos CCs dados por gestores para afiançar apoio e defesa nas redes sociais através das famigeradas milícias digitais, né isso?
Assim a prática dos ‘dotôs’, que era como Luiz Gonzaga se referia aos coronéis dos latifúndios e dos currais eleitorais, se mantém viva com o neo-coronelismo. E aí, o bicho pega porque parece até que uma gestão fundamentada nesses CCs viciantes não tem falhas e nem pode ser criticada.
Numa outra frente, o Ministério Público recebe denúncias de uso inescrupuloso de CCs para garantir apoios políticos-eleitoreiros. E tomemos como exemplo o município de Lagarto, administrado por Hilda Ribeiro (SD).
Por lá, segundo o vereador Matheus Corrêa (Cidadania), a prefeitura tem quase 3.000 CCs ou contratados contra menos de 2.000 servidores efetivos. Tanto isso é verdade que o próprio Matheus já entrou com uma Ação Popular visando a realização de concurso público e, até agora, nenhuma resposta positiva da gestão de Hilda.
Acontece que CCs são, obviamente, manipuláveis. Já os servidores efetivos, por serem concursados, têm o direito ao seu posicionamento político respeitado, já que não devem a cabeça à ninguém ao entrarem no serviço público por conta de seus próprios esforços.
E aí é que está um erro crasso das atitudes neo-coronelistas de quem prioriza CCs em detrimento do concurso público: a população inteira percebe que uma gestão que faz concurso público é muito mais qualificada do que uma que simplesmente não faz! E, claro, o povo respeita muito mais quem tem qualidades do que quem não as têm, né verdade?
Mas o problema é bem mais grave em Lagarto: mesmo com Ação Popular, com recomendação do MP e com o aguardo do julgamento do mérito por parte do Judiciário, a gestão de Hilda Ribeiro, ao invés de ser precavida e previdente, manda – e aprova – um projeto de lei para a Câmara de Vereadores – aquela mesma do amém, amém, pelos séculos e séculos amém a todo mando ou desmando que chegam da prefeitura – prevendo gastos de R$ 30 milhões na Saúde lagartense através das tais Organizações Sociais.
Aí, amigo e amiga, segue tudo ladeira abaixo, com o ‘caminhão’ da gestão de Hilda carregado de pedra até a tampa e descendo sem freio a ladeira do Qüi – lagartenses entenderão!
Ou seja: além de não se ter concurso público numa área tão sensível como é a Saúde, não se terá controle sobre quem será ou não contratado e ficará ainda mais complicado pra se ter transparência na gestão lagartense, num claro desafio à Justiça sergipana! Um horror só!
E até quando isso vai continuar? Bem, aí temos duas possibilidades: ou a Justiça chama o feito à ordem e dá uma brecada nesse tipo de atitude neo-coronelista de contratar quem quiser e pagar o que quiser pra manter esses CCs sob um firme cabresto eleitoreiro 100% manipulado e 1000000000% prejudicial à coletividade, ou o povo de Lagarto toma uma atitude em outubro próximo e retoma a cidade para si.
E aí, Lagarto, o que vai ser? Porque se não for tomada nenhuma atitude, LAGARTO FINDA, viu? Simples assim!