ESPECIAL VALE DO CAPÃO – Cachoeira da Purificação, no fundo do vale, exige esforços que são infinitamente recompensados pelo frescor, pela natureza e pela beleza do local

Tem essa coisa, geralmente ligada às mais diversas religiões, de que o sofrimento purifica. Bem, independente de qual seja a crença de quem quer que seja, AnderSonsBlog acha isso um tanto quanto cruel e ponto.

Mais modernamente, essa sanha absurda pelo corpo perfeito traz o tal do ‘no pain, no gain’. Bem, mesmo respeitando a todo mundo que acha que isso tá massa, novamente a casa aqui acha isso uma coisa limitadora e, sim, também cruel!

A verdade é que por aqui preferimos uma abordagem, digamos, filosoficamente mais libertária: os esforços tendem a ser recompensados, mas nem por isso esses esforços precisam ser torturantes, ora pois! É preciso encontrar graça e prazer no processo, gente boa!

Dito isso, vamos a mais uma trilha: Cachoeira da Purificação, já bem no fundo do Vale do Capão. Pra essa trilha, nem vem que não tem: o serviço de guia é essencial, especialmente porque há bifurcações – a primeira delas, bem identificada, separa o caminho da Purificação do do Vale do Pati – que AnderSonsBlog não terá tempo de conhecer nessa breve passagem, mas que todos os que conhecem garantem afirmativamente se tratar de um local ainda mais belo e arrebatador!

Olha aí a confirmação de que esse é o caminho que leva à Purificação!

Além disso, trechos de subida que se tornam verdadeiros penhascos exigem conhecimento de causa. E o fato de se cruzar o rio pelo menos seis ou sete vezes, sendo que todas as passagens são muitíssimo parecidas, tudo junto concorre pra que a presença de um ou uma guia se torne fundamental para o sucesso da empreitada.

E por falar em rio, pra uns é apenas uma nascente, pra outros se trata do rio Preto. E, pra casa aqui, que não tá nem aí pra objetividade rasa e idiotizante, o que vale mesmo é que esse rio, no fundo do Vale do Capão, dá acesso, nesse longo caminho – uma hora de caminhada, de boas, sem agonia, tanto pra ir como pra vir – a um visual incrível do Morro Branco e da Serra do Candombá.

E, como o prazer no processo é uma exigência pra se ser feliz, esse mesmo rio, na metade da trilha, nos presenteia com a Cachoeira da Angélica, parada ideal pra se banhar e descansar antes da Purificação – lógica também válida no caminho de volta.

Na Angélica, o lugar perfeito pra dar aquela pegada de fôlego tanto na ida como na volta

E a caminhada é longa, enviesada e cheia de altos e baixos, literal e geograficamente falando. Enquanto isso, a mata vai fechando e, nesse caso, tornando a trilha mais amistosa, visto que o sol causticante não penaliza o trilheiro, graças a Deus, viu?

E assim, depois de muito caminhar, a primeira visão do paraíso: uma cachoeirinha massa aparece, sendo que, de um de seus lados, surge esculpida pela natureza uma escada pequenina. E, aí sim, ao se subir nela, a visão que, perdão pelo trocadilho, finalmente purifica: a Cachoeira da Purificação!

Um veio de água intenso, forte mesmo, cai rente as rochas duma altura estimada aí entre 13 e 15 metros. E, à sua frente, um poço com água gelada, mas bota gelada nisso – sensação térmica seguramente ali pela casa dos 4 ou 5 graus –, se tornando acesso fácil e garantido até a cachoeira propriamente dita.

Percebe, leitor e leitora, que essa cachoeirinha serve também de escada pra se chegar à Purificação?

E por conta de muita gente se ‘aprochegar’ daquele espaço em que a água literalmente cai, nível próximo de zero em termos de limo, o que dá mais segurança pra quem quer se banhar diretamente na queda d’água. Além, claro, de fazer fotos, pois o conceito de lugares ‘instagramáveis’ acaba literalmente humilhado por uma simples fotinha na Cachoeira da Purificação.

Caminho feito, Cachoeira da Purificação alcançada, ficam aqui as impressões filosoficamente libertárias propostas no início desse texto: apesar das dificuldades do caminho, quanto prazer e alegria em ver a natureza tão exuberante.

E apesar do gelo da água do poço da Purificação, quanto prazer e alegria em matar o calor de forma quase redentora ao se mergulhar no poço para, numas três ou quatro braçadas, se encontrar com a Purificação – a cachoeira, não a condição humana que sonha em se libertar das próprias e necessárias falhas, viu?

E, finalmente, ei-la majestosa: chegamos a Cachoeira da Purificação!

Se fosse possível ranquear, pelo grau médio de acesso – sempre com um ou uma guia, viu? – e pelo grau máximo de beleza que merece a Cachoeira da Purificação, AnderSonsBlog cravaria ali um 9,5. Sim, porque nem tudo é perfeito: o fato é que a gente tem que voltar e deixar a Purificação pra trás, embora cravada na nossas mais ternas lembranças. E tenhamos dito!

Logo abaixo uma porrada de vídeos que, pra serem upados aqui em Caeté-Açu, sofrem. Alô operadoras de internet, já que já se tem o cabeamento ótico, agora a qualidade é com vocês. Deem seus pulos! E até a próxima!

P.S.: e, acima da Purificação, um outro poço, o Fadas e Duendes, cuja bifurcação de acesso está na trilha, mas que fica pruma próxima, viu Capão?

 

 

 

 

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