Para iniciar o MÚSICA É TUDO desse domingão, vamos com um VALE LEITURA com texto do sempre necessário Rian Santos, publicado em JL Política e que fala de… Cazuza!

É, minhas gentes, o tempo passa e isso todo mundo já sabe, né? Agora, só de pensar que nesta segunda, 7, chegaremos a 35 anos sem Cazuza, a sensação é mesmo de que o tempo voa. E pra abrir as homenagens deste AnderSonsBlog ao ‘Caju’, como ele era chamados pelos mais próximos, vamos com texto topado do grande Rian Santos, publicado originalmente em JL Política & Negócio (leia AQUI), com o qual casa aqui concorda plenamente: a poesia de Cazuza segue viva porque sempre foi muito acima da média. Mas bora ler que é o que importa. E ao longo do dia, músicas dele que a gente aqui ama, beleza?

O coração partido de Cazuza: 35 anos de uma grande falta!

Rian Santos*

O rock brasileiro completa esta semana trinta e cinco anos de saudade. No distante 7 de julho de 1990, Cazuza saía de cena como nunca deixou um bar, sem direito a uma última dose, mas descobrindo, finalmente, de maneira dolorosa, que toda noite tem fim.

O seu prazer era risco de vida e, após um sono tranquilo, como informariam os jornais do dia seguinte, ele exalou seu último suspiro, vitimado pela tuberculose do século XX. Não havia como o dia nascer feliz…

Hoje eu reconheço em Cazuza uma das pedras fundamentais do chamado Rock Brasil – um conjunto disforme do que a playboyzada produzia nos gloriosos anos 80.

Mas, à época, minha atenção estava completamente voltada para a Legião Urbana de Renato Russo, com quem Cazuza era constantemente comparado. Azar o meu. Já macaco velho, acabei tropeçando na discografia do Barão Vermelho. Aquilo, sim, soava como rock de verdade.

Não me entendam mal: a Legião exerceu um papel fundamental na formação musical de minha geração. Foi através das composições de Renato Russo que a maior parte da informação ligada ao universo pop chegou a nossos ouvidos.

Frustrante foi a descoberta do pastiche. The Cure, The Smiths, Joy Division, entre tantas outras, eram mais do que simples influência para Renato Russo. Ainda pior do que isso, no entanto, foi desmascarar o poeta alardeado pelos meios de comunicação. E é aqui que Cazuza ganha todos os pontos.

Auxiliado por uma banda de rock autêntica, energia garageira no talo – o primeiro disco do Barão Vermelho foi gravado em quatro dias -, Cazuza guardava uma poesia totalmente particular em seu peito.

Renato Russo era o eterno adolescente, romântico e angustiado, de versos como “me fiz em mil pedaços pra você juntar”. Cazuza, maduro na flor da idade, era carne, osso e um monte nervos. Cazuza era um cara de verdade e deixava isso claro quando lembrava que “o banheiro é a igreja de todos os bêbados”.

Era 1984 e o mundo completamente diferente. As pessoas experimentavam as delícias de berrar qualquer coisa que lhes desse na telha e Cazuza o fazia com volúpia, paixão e violência arrebatadoras. Mesmo quando ele acenava para o amor, vislumbrava um sentimento “com sabor de fruta mordida”.

Cazuza queria o mel e a ferida. E foi isso o que ele deu pra gente – e muito mais pra si. Desde o mês de abril estaria com 67 anos se vivo estivesse

*é Jornalista – e dos muito bons mesmo!”.

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