Ei, leitor e leitora, combinemos que neste 05/07/22 – e em todas as demais datas do ano, cada uma dizendo respeito aos seus respectivos celebrantes –, os aniversariantes merecem um agrado, né isso?
Bem, da parte de AndersonsBlog, a ideia era ficar de boas, na moita, de atalaia, sem arroubos. Mas a lembrança e o carinho midiáticos dos amigos JC e Joel Dantas, ícones da radiofonia lagartense, logo cedinho, provocaram uma postagem 1000% pessoal (leia aqui).
E como o iniciar do quinto dia deste mês fez por merecer uma justa postagem, ao findar o mesmo dia, e pela mesmíssima razão, nada mais justo do que a autoproclamada folga natalícia deste site ser sumariamente revogada.
Ainda mais por ser em nome daquilo que diz respeito máximo e é o sentido de existir justamente deste… AndersonsBlog: a liberdade de expressão exercida plenamente.
Por isso mesmo que é mais do que válido interromper as comidas e as bebidas festeiras por aqui – que tão sendo bem basiconas, aliás – para festejar quem também veio ao mundo neste exato dia de um julho específico.
Walter do Prado Franco Sobrinho nasceu em 5 de julho de 1942, filho de Augusto do Prado Franco e de Maria Virgínia Leite Franco. Portanto, neste ano da graça de 22, ele chega a 80 anos muitíssimos bem vividos.
Mas, antes de seguir, AndersonsBlog citará Ibarê Dantas, historiador fundamental para a compreensão macro da nossa sergipanidade, num recorte específico que, em suma, justifica a alcunha de Senhor Diretas dedicada a Walter Franco:
“Embora o coordenador da campanha Pró-Diretas em Sergipe fosse Jackson Barreto, adversário dos Franco, o deputado Walter Franco foi dos que mais colaboraram financeiramente para a realização do evento. Além de sua ajuda pessoal, conta-se até que teria feito campanha, ao lado dos oposicionistas, no sentido de arrecadar fundos junto a empresários”.
Tal passagem histórica diz respeito ao já longínquo ano 84 do século passado, quando a campanha Diretas Já tomava as ruas brasileiras, e sergipanas, sem nenhuma cerimônia. Mas não há espaçamento de tempo que apague características intrínsecas de uma personalidade ímpar.
E por essa razão é que esse mesmo Walter Franco, então a exercer mandato de deputado estadual, conquistado em 82 como o mais votado, com 29.342 votos à época, o que já é fenomenal, mas que espanta ainda mais quando se analisa que eles representaram 7,65% da votação válida para estadual naquele ano, merece essa modesta homenagem do blog.
E para que o leitor e a leitora não duvidem da grandeza eleitoral de Walter naquela oportunidade, comparemos: se neste 22 tivermos, dentre os 1,3 milhões de eleitores aptos a votar, algo como 1 milhão de votos válidos para estadual, os 7,65% obtidos por Walter naquele 82 significariam quase 77.000 votantes em outubro próximo! É mole ou quer mais?
Vale lembrar que, naquele 82, o saudoso João Alves, tendo como vice Antônio Carlos Valadares, se elegeu, com mais de 76% dos votos, para governador, feito repetido para o Senado, inclusive percentualmente, por Albano Franco, irmão de Walter. E, ainda em 82, o pai de Walter e Albano, Augusto, teve mais de 100 mil votos para federal. E aí é covardia comparar: com seus quase 30% de votos válidos para Câmara Federal à época, perigaria chegar, numa projeção pro próximo pleito, a coisa de quase 300 mil votos!
Ao ofertar para o leitor e a leitora um cenário absolutamente cartesiano das eleições ocorridas em 82, finalmente AndersonsBlog retoma a citação de Ibarê, referente às Diretas Já, lá em 84. Todos os eleitos citados em 82 eram do PDS, o Partido Democrático Social, braço eleitoral do então vigente regime militar.
Pra resumir legal: o governador, o senador, os deputados estaduais e federais, em 82, foram escolhidos pelo voto popular. Mas o então Presidente da República, o general João Batista Figueiredo, tinha sido escolhido pela Junta Militar em 79. E governaria até 85, ora bolas!
Acontece que, em 83, o deputado federal Dante de Oliveira, do então bravio MDB, apresentou emenda à Constituição para que o próximo Presidente da República fosse escolhido via eleição direta, como foram os eleitos em 82. Simples assim!
Com o Planalto indócil, a campanha Diretas Já ganhou as ruas. E além do óbvio engajamento de Jackson Barreto, logo depois eleito prefeito de Aracaju, em 85, muito por conta de sua participação naquela campanha por eleições diretas para presidente, coube a Walter Franco se posicionar como o ponto fora da curva.
E embora jamais tendo se manifestado sobre aquele momento histórico, seja por respeito ao seu pai, Augusto, seja por questões pessoais, que só a ele cabe responder, Walter Franco tomou uma decisão, em 84, que poucos teriam coragem de tomar: enquanto deputado estadual, filho do deputado federal mais votado, irmão de um senador e aliado do governador em exercício, todos, sem exceção, eleitos pelo mesmo partido e pelo mesmo agrupamento político, Walter se posicionou a favor da emenda Dante de Oliveira, marcando posição firme pela escolha, através do voto livre e desimpedido, do próximo presidente brasileiro à época.
Ao final e ao cabo, como a história demonstra, Walter Franco e milhões de brasileiros foram impedidos de exercer a escolha democrática naquele momento.
Mas, também como a história demonstra, não é e nunca será possível tirar dele o epíteto de Senhor Diretas que, sem favor nenhum, pode ser acrescido de Senhor Democracia, né isso? Afinal, leitor e leitora, quantos de nós teríamos a coragem que, com tudo e todos absolutamente contrários, familiar ou politicamente, Walter Franco teve?