VALE LEITURA – Gleice Queiroz traz dados constrangedores: por que nos condoemos com a Ilha de Marajó, o que é legítimo, mas não com crimes sexuais contra crianças e adolescentes que campeiam em Sergipe?

Antes mesmo de iniciar: leitor e leitora, quem abusa ou explora sexualmente uma criança ou adolescente merece o quê? Sabemos que esse tipo de pergunta é retórica e tal. Mas o problema maior é que a gente não discute esse tema abertamente – e é realmente duro falar sobre algo que, entre criminosos e vítimas, alcança a totalidade da sociedade, né isso?

Sim, porque embora os advogados de defesa façam mágica pra defender os acusados desses abusos e explorações, apelando até pra distúrbios mentais, o que acontece na prática é que o criminoso sexual impõe a sua vítima um trauma extremamente difícil de ser superado e que segue por toda a vida, impactando em todas relações posteriores dessas vítimas, simples assim! Doloroso assim!

Por isso que a casa aqui republica um texto fenomenal da jornalista Gleice Queiroz (leia o original AQUI). Gleice, especialista em Jornalisno de Dados, mostra números chocantes em relação às crianças e adolescentes de Sergipe que são vítimas de violências diversas, mas com um foco bem objetivo nos crimes de abuso e exploração sexual. Bora ler, família? Sim, porque uma sociedade saudável – ou menos doente, depende do prisma – só se constrói se a gente encarar nossos problemas de frente em busca de soluções, viu? Boa leitura…

Sergipe ganha e Marajó leva a fama: o que eles têm em comum?

Gleice Queiroz*

Nos últimos dias, as redes sociais foram incendiadas por um apelo para que salvem a Ilha de Marajó da exploração sexual infantil.

Mas, recentemente, a secretaria de segurança pública de Sergipe divulgou dados estarrecedores sobre as crianças e os adolescentes sergipanos.

A Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente apresentou o resultado das ações de 2023.

A delegacia cumpriu 80 mandados expedidos pela Justiça no âmbito de investigações envolvendo infrações de adolescentes e concluiu 94,82% dos procedimentos policiais instaurados na unidade.

De acordo com dados, dos mandados judiciais cumpridos em 2023, 63 foram de internação, 10 de semi-internação e sete de busca e apreensão.

A delegacia instaurou 348 inquéritos policiais, dos quais 330 já foram concluídos e remetidos ao Judiciário.

Esses dados são sobre crianças e adolescentes em apenas um ano.

Todos são público-alvo da escola.

Criança e adolescentes devem estar na escola. Se estão em outro lugar enquanto deveriam estudar, há uma desordem na sociedade.

Quer mais dado? Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 e analisados pela Agência Tatu, Sergipe é o estado nordestino com maior taxa de maus-tratos contra crianças. São mais de 56 casos para cada 100 mil.

A Paraíba apresentou a menor taxa (5,33).

Sergipe com 56,69% e a Paraíba com 5,33%.

Mais um dado estarrecedor: nos primeiros dois meses de 2023, foram 864 crimes sexuais contra crianças e adolescentes registrados em Sergipe.

Em 2022, foram 5.868 crimes, de acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe.

Veja a gravidade desses dados. Todos são público-alvo da escola.

Cadê as ações da Primeira Infância?

Cadê o Mistério Público e o Tribunal de Contas de Sergipe?

Cadê os governos municipais e estadual?

Cadê os legislativos municipais e estadual? Cadê as secretarias de Educação?

Cadê as entidades religiosas? Cadê as organizações sociais?

Cadê a bancada federal sergipana que atua no congresso?

Querem debater violência nos estádios? Passa por esses números acima.

Querem debater evasão escolar? Passa por esses números.

Querem debater desenvolvimento econômico? Passa por esses números acima.

Qualquer debate passa por esses números porque são sobre as crianças e adolescentes sergipanos.

Em Ilha de Marajó (PA), a justiça e os governos estadual, municipal e federal uniram forcas para resolver os problemas da região. E em Sergipe? Virou um estado miserável? É essa pergunta que a sociedade deve fazer aos governantes.

*é Jornalista“.

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