Vereador Bittencourt não se reeleger é do jogo. O que não é normal é Aracaju perder uma representação qualificada como a dele e o próprio Edvaldo Nogueira ficar sem seu mais fiel escudeiro a partir de 25

Sabe aquele ditado que diz que ‘em fralda de neném, em cabeça de juiz e em urna ninguém sabe antecipadamente o que tem dentro’? Pois é assim mesmo! E não adianta reclamar: eleições sempre apresentam resultados surpreendentes, embora também existam aqueles que são mais do que previsíveis.

Dentre essas surpresas, nas Eleições 24 em Aracaju, está a não reeleição do vereador Bittencourt. Professor, ativista social com forte ligação ao combate à discriminação racial, aos direitos da juventude e a causa animal – isso sem aquele pieguismo característico de algumas figuras que atuam nessa seara –, o parlamentar está em seu segundo mandato e desde sempre é um dos mais produtivos na Câmara de Aracaju.

Quer ver só? Vamos lá: além de destinar recursos para atividades culturais ligadas ao hip hop, por exemplo – o que é algo muito relevante por atender a juventude periférica aracajuana –, Bittencourt é o responsável pela criação do Código de Proteção e Bem-Estar Animal de Aracaju – viu que a defesa da causa animal, no caso de Bittencourt, tem fundamento e não fica apenas nas gritas em redes sociais?

Além disso, o vereador Bittencourt foi o único parlamentar aracajuano que abriu edital para que toda e qualquer entidade aracajuana pudesse pleitear emendas parlamentares oriundas do mandato dele. Quer postura mais democrática e agregadora do que uma dessas?

Bittencourt, com seus discursos qualificados, teve também projetos de grande importância, qualificando também sua atuação legislativa

Outro ponto humanisticamente interessante: graças aos mandatos de Bittencourt, o Código Municipal Tributário foi alterado para garantir que Terreiros aracajuanos que não possuam regularidade formal possam ter imunidade tributária da mesmíssima forma que igrejas e templos possuem – e aqui, para além da atenção para com quem professa religiões de matizes africanas, o vereador buscou a isonomia entre todas as manifestações religiosas, o que, no seu âmago, é justiça social no talo, né verdade?

E pra fechar com apenas mais um exemplo, dentre as dezenas e mais dezenas de projetos importante de Bittencourt, o acesso a cannabis medicinal no SUS de Aracaju é projeto também do parlamentar. E só quem precisa desse tipo de tratamento sabe o quão grande é esse tipo de projeto.

Além dessa postura legislativa proativa, Bittencourt é um exímio orador e teve embates gigantescos na Câmara ao longo de seus dois mandatos.

E tem mais uma coisa que, por não ser muito afeito ao oba-oba midiático, ninguém, afora as famílias diretamente interessadas, soube: o mandato de Bittencourt atendeu, ao longo dos últimos anos, cerca de 100 crianças por semana, sendo elas portadoras de diferentes transtornos. Uma verdadeira benção!

Mas é direito do leitor e da leitora fazer o seguinte questionamento: ‘se ele é isso tudo, porque perdeu a eleição?’

Nesse ponto a casa aqui volta a lembrar que surpresas, positivas e negativas, acontecem em todas as eleições. E, na verdade, não se trata avaliar que Bittencourt perdeu sozinho. Na verdade, pelas qualidades de seu mandato, quem perdeu mesmo foi Aracaju.

Explica-se: Bittencourt está num nível de atuação política que não seria de se estranhar que o prefeito Edvaldo Nogueira, também do PDT, o tivesse escolhido até mesmo para concorrer a sua sucessão. E com tantos predicados a seu favor, alguém duvidaria que um homem negro, com vida pública ilibada e com fortes ligações com a cidade em toda a sua trajetória política e de vida, poderia, sim, ser um candidato a prefeito extremamente viável? Aliás, sobre isso este AndeSonsBlog já havia até escrito (leia AQUI).

Como defensor da gestão de Edvaldo, Bittencourt foi um tremendo líder do governo municipal na Câmara. Mas isso também o fez perder espaço entre aqueles que não foram contemplados pela gestão

Aliás, é bom que se frise, ao ser alçado a condição de líder do governo Edvaldo na Câmara, Bittencourt passou por desgaste efetivos e por embates ferozes, inclusive com a própria Emília Corrêa (PL) que, nesse momento, pode se tornar a algoz do próprio Edvaldo, caso vença a eleição do próximo dia 27.

Assim, em última análise, a não reeleição de Bittencourt, pelas qualidades aqui já citadas, é uma derrota para Aracaju e também pra Edvaldo! Afinal, quem mais do que o vereador defendeu e defende o legado ‘edvaldista’ em Aracaju? E lógico que isso consome créditos eleitorais e que isso ‘queima’ pontes que, numa última instância, dificulta uma eleição, por óbvio.

Enfim, a falta que Bittencourt vai fazer na Câmara em 25 será sentida de qualquer forma. Caso Luiz vença – cenário menos provável no momento –, teria em Bittencourt um aliado na vereança que conhece o governo atual de cabo a rabo. E caso Emília vença – cenário mais provável no momento –, teria um opositor a altura que permitiria que a população tivesse acesso a todos os lados em todas as questões da vida público-administrativa aracajuana.

Mas é aquela coisa: não deu pra agora, pode dar pra mais adiante. E, nesse caso, aqui vai mesmo é um toque pra Bittencourt: cabra, não desista de Aracaju e já esteja pronto pra novos embates eleitorais, caso de 26, por exemplo. É que parlamentares da iguala do vereador Bittencourt não apenas fazem falta aos nossos parlamentos, mas também são essenciais para o bom funcionamento deles e para a democracia em si. E tenhamos dito!

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