Sabe aquele ditado que diz que ‘em fralda de neném, em cabeça de juiz e em urna ninguém sabe antecipadamente o que tem dentro’? Pois é assim mesmo! E não adianta reclamar: eleições sempre apresentam resultados surpreendentes, embora também existam aqueles que são mais do que previsíveis.
Dentre essas surpresas, nas Eleições 24 em Aracaju, está a não reeleição do vereador Bittencourt. Professor, ativista social com forte ligação ao combate à discriminação racial, aos direitos da juventude e a causa animal – isso sem aquele pieguismo característico de algumas figuras que atuam nessa seara –, o parlamentar está em seu segundo mandato e desde sempre é um dos mais produtivos na Câmara de Aracaju.
Quer ver só? Vamos lá: além de destinar recursos para atividades culturais ligadas ao hip hop, por exemplo – o que é algo muito relevante por atender a juventude periférica aracajuana –, Bittencourt é o responsável pela criação do Código de Proteção e Bem-Estar Animal de Aracaju – viu que a defesa da causa animal, no caso de Bittencourt, tem fundamento e não fica apenas nas gritas em redes sociais?
Além disso, o vereador Bittencourt foi o único parlamentar aracajuano que abriu edital para que toda e qualquer entidade aracajuana pudesse pleitear emendas parlamentares oriundas do mandato dele. Quer postura mais democrática e agregadora do que uma dessas?
Outro ponto humanisticamente interessante: graças aos mandatos de Bittencourt, o Código Municipal Tributário foi alterado para garantir que Terreiros aracajuanos que não possuam regularidade formal possam ter imunidade tributária da mesmíssima forma que igrejas e templos possuem – e aqui, para além da atenção para com quem professa religiões de matizes africanas, o vereador buscou a isonomia entre todas as manifestações religiosas, o que, no seu âmago, é justiça social no talo, né verdade?
E pra fechar com apenas mais um exemplo, dentre as dezenas e mais dezenas de projetos importante de Bittencourt, o acesso a cannabis medicinal no SUS de Aracaju é projeto também do parlamentar. E só quem precisa desse tipo de tratamento sabe o quão grande é esse tipo de projeto.
Além dessa postura legislativa proativa, Bittencourt é um exímio orador e teve embates gigantescos na Câmara ao longo de seus dois mandatos.
E tem mais uma coisa que, por não ser muito afeito ao oba-oba midiático, ninguém, afora as famílias diretamente interessadas, soube: o mandato de Bittencourt atendeu, ao longo dos últimos anos, cerca de 100 crianças por semana, sendo elas portadoras de diferentes transtornos. Uma verdadeira benção!
Mas é direito do leitor e da leitora fazer o seguinte questionamento: ‘se ele é isso tudo, porque perdeu a eleição?’
Nesse ponto a casa aqui volta a lembrar que surpresas, positivas e negativas, acontecem em todas as eleições. E, na verdade, não se trata avaliar que Bittencourt perdeu sozinho. Na verdade, pelas qualidades de seu mandato, quem perdeu mesmo foi Aracaju.
Explica-se: Bittencourt está num nível de atuação política que não seria de se estranhar que o prefeito Edvaldo Nogueira, também do PDT, o tivesse escolhido até mesmo para concorrer a sua sucessão. E com tantos predicados a seu favor, alguém duvidaria que um homem negro, com vida pública ilibada e com fortes ligações com a cidade em toda a sua trajetória política e de vida, poderia, sim, ser um candidato a prefeito extremamente viável? Aliás, sobre isso este AndeSonsBlog já havia até escrito (leia AQUI).
Aliás, é bom que se frise, ao ser alçado a condição de líder do governo Edvaldo na Câmara, Bittencourt passou por desgaste efetivos e por embates ferozes, inclusive com a própria Emília Corrêa (PL) que, nesse momento, pode se tornar a algoz do próprio Edvaldo, caso vença a eleição do próximo dia 27.
Assim, em última análise, a não reeleição de Bittencourt, pelas qualidades aqui já citadas, é uma derrota para Aracaju e também pra Edvaldo! Afinal, quem mais do que o vereador defendeu e defende o legado ‘edvaldista’ em Aracaju? E lógico que isso consome créditos eleitorais e que isso ‘queima’ pontes que, numa última instância, dificulta uma eleição, por óbvio.
Enfim, a falta que Bittencourt vai fazer na Câmara em 25 será sentida de qualquer forma. Caso Luiz vença – cenário menos provável no momento –, teria em Bittencourt um aliado na vereança que conhece o governo atual de cabo a rabo. E caso Emília vença – cenário mais provável no momento –, teria um opositor a altura que permitiria que a população tivesse acesso a todos os lados em todas as questões da vida público-administrativa aracajuana.
Mas é aquela coisa: não deu pra agora, pode dar pra mais adiante. E, nesse caso, aqui vai mesmo é um toque pra Bittencourt: cabra, não desista de Aracaju e já esteja pronto pra novos embates eleitorais, caso de 26, por exemplo. É que parlamentares da iguala do vereador Bittencourt não apenas fazem falta aos nossos parlamentos, mas também são essenciais para o bom funcionamento deles e para a democracia em si. E tenhamos dito!
1 Comentário
Samuel
Um bom parlamentar, mas extremamente arrogante e as vezes até beira a soberba, nome pesado pra pedir voto, infelizmente teve a sua imagem colada aos escândalos de licitação da semed, já que a secretaria é fortemente ligada à ele, o ônus é o bônus daquela secretaria foi pra a conta dele.