Paulo Negreiros

Edvaldo Nogueira enfrenta jogo bruto de quem faz cara de paisagem, mas opera cruelmente nos bastidores

A disputa política de bastidores é infinitamente mais cruel do que aquela travada diante dos holofotes eleitorais. Duvida? Então, lá vai um exemplo e tanto: quando nas vésperas do 81º Encontro Nacional de Prefeitos, realizado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) em Aracaju, no final de novembro – um adendo: que coisa boa ver os hotéis de Aracaju lotados durante pelo menos quatro dias em virtude da realização desse evento, que se enquadra na categoria de turismo de negócios, né não? –, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), que preside a FNP e foi o responsável pela realização do encontro, concedeu entrevistas para divulgar… o encontro, ora pois! Mas, seja por falta de pauta ou porque só “pensa naquilo”, a imprensa fez questão de repisar o mesmo tema novamente e mais uma vez: eleições 2022. Edvaldo não se fez de rogado, se disse a disposição do agrupamento e que entende que, caso seu nome seja escolhido e também caso o povo o escolha, Sergipe terá um governador que sabe pelo que passa um prefeito. Aí quem trabalha contra o nome de Edvaldo, seja da base governista, seja da oposição, fingiu-se horrorizado! Como podia o prefeito de Aracaju dizer isso, seria uma afronta? Pois é! Aqui é que entra a crueldade da disputa de bastidores. Ora bolas, por já ser prefeito da maior cidade sergipana, a capital, há mais de uma década,o que é que teve demais a declaração? Mas o tempo, sempre ele, foi ligeiro demais na resposta: já na semana seguinte ao evento, também conhecida como semana passada, Edvaldo Nogueira liderou uma expressiva frente de prefeitos em Brasília na luta por duas pautas fundamentais para quem está a frente de administrações municipais: a primeira diz respeito a cidades maiores e capitais, em busca do apoio do Governo Federal ao transporte público, coisa de R$ 5 bilhões, de forma a não obrigar as cidades que possuem sistema de transporte público a concederem aumento da passagem no ano que vem. E a segunda pauta, essa universal, dizia respeito a luta que prefeitos e prefeitas travam nesse momento para não serem responsabilizados jurídica e administrativamente pelo não-uso do total de recursos voltados para a educação de seus respectivos municípios, uma vez que até o início do segundo semestre de 2020 era quase que impossível a realização de aulas presenciais que, por sua vez, consomem mais recursos com merenda, transporte, servidores de apoio e por aí vai! Essas pautas ainda estão vivas, pois os problemas ainda existem. Mas criticar Edvaldo por ele dizer que sabe o que é ser prefeito, o que é que dificulta as gestões municipais e que, em sendo governador, os prefeitos sergipanos teriam nele alguém que conhece a realidade por estes vividos é o mesmo que criticar alguém por dizer… a verdade! Ou seja: a crueldade está em não reconhecer, em nem aventar a possibilidade de seu adversário ter, sim, qualidades específicas insofismáveis, poxa! De toda sorte, Edvaldo pode encarar esse tipo de ataque com uma pontinha de satisfação. Sim, porque quando o cabra é atacado por dizer algo incontestável, significa que quem ataca tá meio que sem assunto, correto?

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