O governo de Fábio Mitidieri (PSD) “descobriu” a pólvora no que, asseguram os asseclas do governador, seria a solução para a crise financeira do Ipesaúde: despejar essa mesma crise nas costas dos servidores e servidoras, aumentando em 50% o percentual da cobrança realizada mês a mês com desconto direto nos salários dos mais de 116 mil utilizadores do convênio espalhados no próprio governo, em prefeituras e em câmaras municipais.

Até aqui já tava ruim, né verdade? Mas a questão é que a coisa consegue ser ainda pior, conforme nota pública emitida pela Clínica Santa Sophia, que diz ter mais de 40 anos de serviços prestados antes ao Ipes e agora ao tal Ipesaúde. Portanto sabe do que está falando, né mesmo?

Na nota, a clínica faz acusações pesadíssimas contra o atual presidente do Ipesaúde, Cláudio Mitidieri, classificando sua gestão como autoritária e distribuidora de benesses ao bel prazer do comandante atual da instituição. “Em menos de cinco meses essa gestão já privilegiou mais de vinte novas outras clínicas e prestadores de serviços com novos credenciamentos, pagando valores milionários, além de incluir parentes do atual presidente”.

A coisa é tão grave que a nota da Clínica Santa Sophia vai a fundo e garante que a presença de Cláudio no Ipesaúde tem interesses políticos – ou politiqueiros, como preferir o leitor e a leitora. “Importante lembrar que o atual presidente, apesar de ser médico, é pré-candidato a deputado estadual. A sua escolha, portanto, não é por competência técnica, mas por interesses políticos.”

Numa outra afirmação objetiva, a nota elenca razões para que a atual “reestruturação” do Ipesaúde não funcione a contento e nem melhore o atendimento aos usuários. “Enquanto paga até R$ 40,00 a uma consulta feita em uma clínica terceirizada, o IPESAUDE está pagando até R$ 170,00 por uma consulta interna, além de assumir os gastos com a manutenção dos consultórios! Esse sistema inclusive foi reconhecido como ilegal pela Justiça que determinou a contratação desses médicos como funcionários, resultando em mais prejuízo para a Autarquia.”

Inclusive a Santa Sophia lembra que esse tipo de atendimento já foi tentado, em 16, quando estava no governo Jackson Barreto. “Em 2016 o então gestor do IPESAUDE fez a mesma coisa que o atual faz, ou seja, também privilegiou novos prestadores e decidiu por rescindir o contrato com a Santa Sophia. À época a Justiça entendeu que a rescisão era ilegal e o Ministério Público atuou para que a Autarquia fizesse um acordo afim de cessar as ilegalidades.”

A verdade é que o Ipesaúde, seja com o aumento extorsivo na taxa de contribuição, seja agora diante dessas denúncias tornadas públicas pela Clínica Santa Sophia, tem enorme potencial para se tornar o calcanhar de Aquiles da gestão de Fábio Mitidieri que, por enquanto, segue sorrindo e participando das festas juninas sergipanas como se o assunto não fosse com ele. Vejamos até quando o governo de Sergipe seguirá com essa “cara de paisagem” sobre um assunto tão importante e urgente como é a saúde das pessoas, né isso?

Confira a baixa a íntegra da nota pública da Clínica Santa Sophia:

“NOTA PÚBLICA

A Clínica Santa Sophia solicita a publicação da seguinte nota:

A Clínica Santa Sophia está na iminência de parar todos os atendimentos aos usuários do IPESAUDE por sofrer perseguição da atual gestão.

A Santa Sophia possui convênio com o IPESAUDE há quase quarenta anos e hoje atende cerca de dez mil pacientes por mês apenas do plano, com exames e consultas já agendados para até julho.2023.

O IPESAUDE, apesar disso, decidiu no último dia 19.05.23 notificar a clínica para encerrar o contrato. Sem esclarecimentos, apenas informa que estaria fazendo uma suposta reestruturação administrativa e operacional e, com essas poucas palavras, a recém empossada presidência do IPESAUDE decidiu por encerrar uma relação com serviços prestados por quase quatro décadas.

Enquanto isso, em menos de cinco meses essa gestão já privilegiou mais de vinte novas outras clínicas e prestadores de serviços com novos credenciamentos, pagando valores milionários, além de incluir parentes do atual presidente e que nunca antes prestaram serviços ao IPESAUDE.

Para completar, no dia 23.05.23 a gestão decidiu simplesmente impedir que novas clínicas e profissionais possam se cadastrar para prestar serviço aos usuários do plano!

Ou seja, a atual gestão escolheu os beneficiados que lhe agradam, permitindo que apenas alguns, talvez por razões escusas, tenham o privilégio de sozinhos prestar serviço ao IPESAUDE, excluindo da lista de prestadores uma clínica da confiança e gosto dos pacientes e ainda impediu que qualquer nova clínica ou profissional preste serviços ao IPESAUDE.

Por acaso esses novos prestadores, incluídos parentes do atual presidente, são mais merecedores do direito de prestar serviços à Autarquia que a Santa Sophia? Por acaso os excluídos, como a Santa Sophia, deixaram de fazer algo que seria do agrado da atual gestão?

Ao excluir antigos prestadores e impedir novos credenciados sem prazo determinado, estaria o presidente selecionando aqueles que pessoalmente prefere?

A atual gestão está transformando o IPESAUDE em um curral, tratando a coisa pública como se fosse privada, ferindo as regras de transparência e maior concorrência.

Essa atitude não vai melhorar o serviço para nenhum paciente. Pelo contrário, vai diminuir o número de médicos e clínicas que estão a disposição dos consumidores do plano – tudo isso para agradar alguns, incluídos parentes do presidente.

Além disso, apesar da atual gestão alegar que quer reduzir custos, aumentando o número de médicos internos. Esse é um esquema falido, que já foi tentado em outras gestões e sempre resultou em prejuízos aos pacientes.

Pois, enquanto paga até R$ 40,00 a uma consulta feita em uma clínica terceirizada, o IPESAUDE está pagando até R$ 170,00 por uma consulta interna, além de assumir os gastos com a manutenção dos consultórios!

Esse sistema inclusive foi reconhecido como ilegal pela Justiça que determinou a contratação desses médicos como funcionários, resultando em mais prejuízo para a Autarquia.

Ou seja, esse esquema somente significou mais custos por consulta e um aumento gigantesco da fila com a redução da quantidade de clínicas e profissionais credenciados.

Enquanto todos sofrem, alguns são preferidos: a Clínica Diagnose e a Rede Primavera serão os maiores beneficiados pelas escolhas da atual gestão. Com a redução da quantidade de prestadores, essas empresas serão as que mais receberão pacientes e, portanto, a que mais dinheiro ganharão do IPESAUDE.

Importante lembrar que o atual presidente, apesar de ser médico, é pré-candidato a deputado estadual. A sua escolha, portanto, não é por competência técnica, mas por interesses políticos. E o que se vê é o uso escancarado do IPESAUDE como plataforma para garantir apoios e favores pessoais, talvez para a sua próxima campanha. O mesmo deve ser lembrado sobre o diretor de assistência médica: já foi prefeito de Divina Pastora e se mantém em eterna campanha, usando a coisa pública para garantir isso.

Em 2016 o então gestor do IPESAUDE fez a mesma coisa que o atual faz, ou seja, também privilegiou novos prestadores e decidiu por rescindir o contrato com a Santa Sophia. À época a Justiça entendeu que a rescisão era ilegal e o Ministério Público atuou para que a Autarquia fizesse um acordo afim de cessar as ilegalidades.

A clínica alerta autoridades, usuários e a população em geral desta situação de interrupção do contrato que vai causar grande prejuízo para os usuários e abalar a relação médico/paciente, significando danos à saúde de milhares de pessoas.

A Santa Sophia quer continuar a prestar o melhor serviço possível aos servidores e seus familiares e alerta que a atual gestão não tem como prioridade atender as necessidades daqueles pagam o IPESAUDE, uma vez que destrói relações de médico e paciente que existe, alguns casos, há mais de vinte anos.

Não enxergam como 10 mil pacientes mensalmente atendidos pela clínica ficaram sem acesso aos médicos de confiança e aos seus exames necessários no local que realizam há tantos anos. A atual gestão apenas enxerga cada paciente do IPESAUDE como um instrumento para satisfazer seus interesses inomináveis.

Contamos com o Ministério Público e demais autoridades para que medidas urgentes sejam tomadas.”

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