ESPECIAL COPA 22 – Carta aberta a Neymar que, lógico, AnderSonsBlog não espera que ele a leia. Mas se quem a ler a entender, já tá valendo!

Caro Neymar,

antes de tudo, parabéns! Seu desempenho na Copa do Qatar me deixou bem felizão, viu? Mas seu desempenho também me deixou preocupado, boladão mesmo! Parece contraditório, né? Mas tem explicação…

Vamos recuar aí no tempo pra coisa fluir legal daqui pra frente: em 10, Copa da África do Sul, você, Neymar – e mais o Paulo Henrique Ganso, de quem a casa aqui segue fã incondicional –, nem foi convocado para a Seleção sob o comando de Dunga.

Lá você tinha 18 aninhos completos, maior idade penal, inclusive. Mas o técnico não considerou sua genialidade – e, frise-se, nem a do grande Ganso – e você ficou vendo a Copa 10 pela TV. Normal, coisa superada e tal.

Mas aqui vem a minha preocupação lá do 1º parágrafo: se você tivesse ido à Copa 10, aí já teria no seu currículo 4 Copas do Mundo! E assim essa postura defensiva – ainda que vinda de um puta atacante! – de que não sabe se vai pra Copa do Canadá/Estados Unidos/México em 26, talvez fosse compreensível, embora não aceitável, ao menos para este blog, beleza?

Cara, só pra traçar um paralelo bem ferrado, bem cruel até, vamos fazer uma comparação incomparável sob quaisquer aspectos, mas que ainda assim AnderSonsBlog fará: 1958, Copa da Suécia, Pelé, com seus 17 aninhos, quase 18, comeu a bola e o resto é história.

Em 1962, Copa do Chile, o mesmo Pelé, com quase 22 aninhos, contundido e tal, viu Garrinha brilhar e trazer o título. Em 1966, Copa da Inglaterra, o mesmíssimo Pelé, com quase 26 nas costas, passou vergonha. Já em 1970, Copa do México, do alto de seus quase 30 anos – os mesmíssimos que os seus, Neymar, neste ano da graça de 22 –, Pelé fez história e ponto! Pegou a visão? Pelé e suas (quase) 4 Copas do Mundo jogadas, mano!

Tá vendo que a comparação, como devidamente avisado, é incomparável e cruel sob quaisquer aspectos? Nem se joga mais o mesmo futebol e nem se fazem mais craques como antigamente, caba véi! Então, véi, a comparação foi só pra lhe provocar mesmo!

Explica-se: essa é a vida, feita de rotulações e comparações rasas tipo essa daí de cima ou mesmo uma ainda mais ferrada, tipo com AnderSonsBlog trazendo à baila o grande Ronaldo Nazário, convocado pra 1994, Copa dos EUA, pra nem jogar, mas campeão, ora pois; vexatório, no mínimo, em 1998, Copa da França; espetacular, também no mínimo, em 02, Copa do Japão/Coreia; e novamente abaixo da crítica em 06, Copa da Alemanha – quando já tinha quase os seus mesmíssimos 30 aninhos de hoje! Ronaldo e suas (quase) 4 Copas do Mundo jogadas, né isso?

E mesmo com essas tais comparações inúteis à parte, vaticine-se: numa conta rápida, Neymar, você ainda tá devendo uma copa pra gente, danado! Aliás: você tá devendo mais uma Copa do Mundo pra você mesmo! E essa é a vida e é isso o que temos pra agora, Neymar!

E fazer um golaço como o que você fez contra a chatíssima – mas indubitavelmente competente – Croácia, após cerca de 110 minutos de futebol severamente intensos – 1º e 2º tempos normais, seus acréscimos e mais os 15 minutos do 1º tempo da prorrogação dão mais ou menos isso, né scouters de plantão? –, não é e nem pode ser desconsiderado.

O fato é que, afinal, seu golaço comprovou que você fez a sua parte! Vacilamos? Deixamos o empate chegar? Sim, claro! E claro também que toda derrota é uma merda!

Mas perder é parte essencial de algo que vai bem além daquela coisa politicamente correta – surgida bem antes desse papo do politicamente correto virar moda – que dizia que o que vale é competir, desde que se saiba perder ou ganhar, independente do resultado.

E mesmo que essa máxima seja verdadeira, também não deixa de ser uma generalidade daquelas absolutamente dispensáveis como, aliás, são todas as generalidades e todas as comparações estapafúrdias, viu?

Na verdade, Neymar, perder é um fundamento constitutivo essencial para quem souber – mas só para quem souber – extrair justamente dessa tão indesejada das gentes, a tal da derrota, os ensinamentos mais óbvios, ainda que nem um pouco menos dolorosos: resiliência, maturidade e, finalmente, inteligência emocional são o que sobram para lidar com o fracasso, rapá!

Dói perder? Sim! Mas é muito mais doloroso não saber lidar com essa dor, parça! E sua fodástica carreira, capaz de alavancar zilhões, monetária e merecidamente falando, não pode ser reduzida a um muxoxo por conta de uma 3ª copa perdida!

Lá adiante, em 26, você, Neymar, ainda gozará dos seus 34 aninhos e terá, no que depender apenas de você, uma plenitude física e esportiva fantástica, capaz de disputar, como agora, uma Copa do Mundo em altíssimo nível. Então, porque refugas?

Da parte aqui de AnderSonsBlog, nesta Copa 22, a torcida seguirá para a Argentina de Messi, em sua plenitude esportiva aos 35 aninhos – taí mais uma visão pra pegar, ora, ora!

E, a torcida aqui da casa, teimosamente, seguirá sendo para aqueles que, como você, Neymar, fazem do futebol algo mágico e incomparável. E que se fodam os críticos, meu caro!

Mas que você ainda se deve e nos deve uma 4ª Copa do Mundo, aí nem tem o que discutir, viu?

Atenciosamente,

AnderSonsBlog

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