Mais uma estranheza da Câmara de Aracaju. Mas, calma, desta vez não é nada tão grave: é que o legislativo aracajuano inaugurou a oposição envergonhada

A Câmara de Vereadores de Aracaju vai acabar sendo alvo de estudos, viu? Sim, porque depois de conceder título de cidadania fake, agora, ao eleger sua nova Mesa Diretora, a Casa viu surgir uma inédita oposição envergonhada.

Explica-se: após a Mesa Diretora ser eleita para o biênio 23/24, uma curiosa nota foi enviada à imprensa em que três vereadores, Ricardo Marques e Sheyla Galba (Cidadania), além de Emília Corrêa (Patriota), tentam explicar que votaram na chapa única, encabeçada pelo vereador Ricardo Vasconcelos (Rede) como presidente, mas que continuarão “na oposição responsável, crítica e sugestiva”.

Para além disso, ainda temos mais. Emília é a que menos se comprometeu por ter se mantido neutra, calada até o momento, tendo apenas assinado a nota. Já Ricardo Marques, com sua verve conhecida, fez correr vídeo de seu pronunciamento reforçando que votou na chapa, mas segue na oposição. E Sheyla Galba? Assinou a nota mesmo fazendo parte da Mesa Diretora como 3ª secretária!

Lógico que o respeito aos debates e às opiniões valem também para esses três parlamentares e eles estão no direito de emitir a nota que quiserem, por óbvio. Mas perceba, leitor e leitora, que há uma certa esquizofrenia nesse comportamento compulsivo de votar e sair dando essas explicações específicas.

Primeiro porque a eleição foi com chapa única, portanto a única posição realmente oposicionista foi a adotada pela vereadora Linda Brasil (Psol), que se absteve e ponto.

Depois porque a chapa escolhida pela vereança aracajuana foi, como é público e notório, arquitetada pelo atual presidente, Nitinho (PSD), que, por sua vez, pode até ser ou se dizer aliado do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), mas não perde uma única chance de se mostrar exatamente o contrário – mas isso é tema para uma outra postagem.

E, por fim, mas não menos importante, seria muito legal que o parlamentar e as parlamentares fizessem valer algo sempre cantado em verso e prosa: a tal da independência do poder Legislativo em relação ao Executivo. Ou seja: não tem nada demais votar na Mesa Diretora, ou até fazer parte dela, e seguir na oposição. Não é preciso explicar isso! A menos que a consciência esteja pesando, o que AnderSonsBlog espera não ser o caso.

O fato é que num país tão desgastado por uma divisão insuportável entre o “nós contra eles”, talvez esse radicalismo tenha afetado os três, Emília, Ricardo e Galba. Talvez, ainda, o medo de cancelamento nas redes sociais tenha pesado sobre a decisão pela nota conjunta.

Mas a questão aqui é que, pelo conjunto da obra, nenhum deles deveria precisar desse tipo de explicação. A atuação parlamentar deles é que deveria falar mais alto e votar ou não, participar ou não da Mesa Diretora deveria ser o que menos importa.

Mas, nestes estranhos tempos, três bons e influentes parlamentares parecem precisar explicar porque seriam, então, uma espécie de oposição envergonhada, obrigada a justificar até o que nem de justificativa necessita. E isso deveria ser algo absolutamente desnecessário. Mas… sigamos!

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