Marcos Franco, a acusação de agressão e o comportamento ético da imprensa nesse caso: três situações em que o Jornalismo é confrontado e chamado a exercer seu papel fundamental numa sociedade democrática

AnderSonsBlog esperou que baixasse a poeira inicial de um assunto extremante delicado e importante: a denúncia de agressões feitas pela esposa do empresário, e agora secretário de Turismo afastado a pedido – atentai bem, leitor e leitora, para esse “a pedido”, voltaremos a isso logo mais –, Marcos Franco, que veio à tona no início dessa semana por conta do talento jornalístico de Wendall Carmo, do Brasil 247.

Mas, para sermos justos, o assunto começa a ser colocado abertamente em público pela jornalista Gleice Queiroz desde a semana passada. E aqui está o primeiro ponto a ser tratado: Gleice, sabiamente, preservou o nome da denunciante, de forma a impedir que ela fosse revitimizada – ou seja: sofresse duas vezes, pois a primeira se deu ao sofrer a ponto de denunciar as agressões e a segunda seria tendo seu nome ventilado abertamente pela imprensa.

“Mas pera lá, AnderSonsBlog, mas todo mundo não já sabe que se trata da esposa de Marcos Franco?”, diria o leitor e a leitora mais atento aos nomes e sobrenomes sergipanos. Sim, pode até ser, lógico! Mas o que motiva essa análise aqui da casa é a forma como outros casos similares são tratados. Pra ficar num único exemplo, a agressão sexual envolvendo advogados sergipanos: será mesmo que a vítima queria ter seu nome divulgado ou a imprensa atropelou e divulgou? Naquela oportunidade, as filhas da vítima souberam do caso via zap-zap em plena escola. Será que ninguém pensa nas sequelas de uma divulgação pública de situações desse tipo, seja para a vítima, seja para seus familiares?

Bom, mas já no caso do acusado de agressão, ainda mais sendo uma pessoa pública, a divulgação do nome está mais do que correta. Não dá para aceitar que, antes de provar a sua inocência, Marcos Franco siga como secretário de estado, né verdade? Por isso que a cobrança de figuras como Cláudio Nunes e Adiberto Sousa foi tão pertinente: afinal, o governador Fábio Mitidieri (PSD) tinha ou não tinha conhecimento da denúncia, feita em novembro de 23?

“Ah, mas o governador não pode ter acesso a denúncias feitas numa delegacia, não!”, insistiria o leitor ou a leitora mais, digamos, ‘legalista’. AnderSonsBlog concorda, claro, mas por se tratar de uma denúncia que envolve um ocupante do primeiro escalão do governo, fica difícil acreditar que o governador não sabia, né verdade? E se não sabia, quem teria ‘protegido’ o nome de Marcos Franco para que o assunto não chegasse até o governador? São perguntas pertinentes. Mas, infelizmente, diante do silêncio do governador sobre o assunto, é bem provável que sigam sem resposta.

E aqui voltemos ao afastamento “a pedido”. Lógico que Marcos quis evitar constrangimentos para o governador. Mas num governo que criou uma pasta especialmente para as mulheres no seu 1º escalão – aliás, Danielle Garcia, secretária da Mulher, também está em silêncio, viu? –, tem constrangimento maior do que simplesmente não agir diante de uma denúncia desse porte e que chegou até a sociedade? É complicado demais!

Por fim, mas não menos importante, AnderSonsBlog celebra a forma ética com que a imprensa sergipana tratou esse caso. Mas faz isso com uma ressalva: que nos demais casos similares que, infelizmente, ainda devem acontecer no futuro, o comportamento seja o mesmo, denunciando quem for denunciado por agressão, mas preservando o nome de quem foi agredido e denunciou, correto?

Sim, porque não tem essa de imprensa ‘justiceira’, não! Veja bem, leitor e leitora, Marcos Franco tem o direito constitucional garantido de presunção de inocência enquanto não julgado. Mas, por se tratar de alguém ocupando importante cargo público, seu afastamento é a única situação possível, sem dúvida! Aqui a imprensa agiu perfeitamente ao cobrar uma posição governamental.

Agora, não fica nada bem é a imprensa sair atacando e, pra isso, se valer até da exploração do nome das vítimas, como forma de justificar essa espécie de ‘justiçamento’ pretendido por quem quer que seja, e aí vale pra quem é da imprensa, mas vale também pro monte de gente que, nas redes sociais, acha que pode tudo, né isso? Portanto, que a imprensa siga livre e ciosa do seu papel, como o foi nesse episódio de Marcos Franco. Sigamos! A democracia agradece!

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