Não defendo Gleice Queiroz pela luta dela por sororidade a todo e qualquer custo. Nesse caso, nem precisa: essa luta é tão nobre que ninguém deveria sequer precisar defende-la.

Não defendo Gleice Queiroz pela defesa intransigente que ela faz da Escola Pública. Ora, ora, lógico que, por isso, não apenas ela não precisa de ninguém para a defender e, indo além, ela – e, claro, a Escola Pública – merece é gente para lhe apoiar e colocar a mão na massa junto, né isso?

Não defendo Gleice Queiroz pelos posicionamentos políticos à esquerda ou à direita que ela teve, tenha ou que venha a ter. Tendo transitado por essas searas todas, AnderSonsBlog tá bem calejado e sabe que, embora diferentes posicionamentos “inspirem” imbecilizantes radicalizações, todo e qualquer lado político tem seus prós e seus contras – e os radicais que roam a corda de raiva, beleza?

Não defendo Gleice Queiroz pelo belo trabalho em assessoria que ela sempre desempenhou – e olha que militamos juntos nos longínquos anos do saudoso Deda. E, nesse sentido, vale o registro: nos últimos anos estivemos em posições diametralmente opostas e isso jamais gerou indisposições pessoais, ainda que, como é natural, tenhamos combatido um ao outro – ou melhor: tenhamos defendido firmemente as posições de um e do outro, em termos absolutamente profissionais.

Mas também não defendo Gleice Queiroz por conta da inação do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe ao não ter emitido nota clara e incisiva contra uma autoridade estadual ter levado uma jornalista às barras da Justiça. Apesar da posição ridícula da instituição classista ao não se posicionar duramente contra tal absurdo, como não sou sindicalizado, ainda que devidamente formado desde 05, me abstenho e ainda insiro aqui uma memorabilia: em 05, AnderSonsBlog não foi a própria formatura por ter proposto que ela fosse feita em um circo e todos nós, formandos, usássemos “nariz de palhaço” para protestar contra não apenas um risível piso salarial, mas contra a fragilidade com que a profissão era tratada, especialmente pelo “nosso” sindicato. E isso independe, até hoje, de quem comanda o sindicato da categoria. O problema é mais embaixo e, como já filosofou Albano Franco, “em Sergipe todos se conhecem”. E é aí que está o problema, ora pois!

E não defendo Gleice Queiroz pelo fato do Sintese ter silenciado, ainda mais quando o sindicato do trabalhadores da educação teve nela uma combatente, quando o sindicato e o governo estiveram antagônicos, mas tambem uma aliada, quando as pautas de ambos convergiram. Mas o Sintese silenciar quando a questão não lhe diz respeito diretamente é uma consequencia do umbiguismo classista dele. Uma pena!

E ainda não defendo Gleice Queiroz pela cara de paisagem que o governador Fábio Mitidieri (PSD) vem fazendo diante desse episódio todo. Ao menos até aqui, há quase dois meses governando, Fábio segue a receita do “governo ostentação”, com muito a mostrar nas redes sociais e muito pouco de prático, de efetivo, a fazer e realizar. Imagina se o Governo do Estado, do alto da sua ostentação, vai lá se preocupar com um fato triste que está em andamento? Uma pena também!

E, por fim, mas não menos importante, não defendo Gleice Queiroz por apenas achar que o secretário de Educação do Estado, Zezinho Sobral, está se excedendo nos seus direitos constitucionais. Lógico que ele pode processar a quem quiser! Mas para quem o conhece, como é o caso de AnderSonsBlog, ainda mais sabendo que ele é assessorado comunicacionalmente por profissionais da estirpe de uma Acácia Mérici e de um Alberto Jorge – assim como já teve em suas hostes uma figura icônica da comunicação sergipana do nível de um Ferreira Filho –, fica difícil acreditar que Zezinho Sobral irá mover processo contra uma jornalista pelo simples fato dela apontar mazelas que, sendo reais, corrija-se. E não sendo reais, contraponha-se! Precisa desenhar isso?

Então, ao final e ao cabo, sabe a razão, leitor e leitora, deste AnderSonsBlog partir em defesa de Gleice Queiroz em todo esse episódio nefasto? Simples demais: em tempos de redes sociais ditando o ritmo das coisas – e talvez esteja aqui o vacilo de Zezinho e de seus advogados, pois Gleice se manifestou em suas redes sociais, mas não deixou de exercer sua função enquanto jornalista –, ainda que se criem narrativas, nem assim a verdade pode ser subjugada. Gleice conhece a Educação sergipana como poucos! E as críticas que ela exponha não podem e nem devem ser combatidas por via judicial. Se a ideia é efetivamente melhorar a Educação, as críticas devem ser absorvidas, compreendidas e analisadas. O que proceder, massa e mãos à obra pra resolver! O que não proceder, combata-se, sempre pela via comunicacional, e vida que segue! Isso é da vida como também o é da vida pública, poxa!

Assim, sabe o que, no íntimo, me motiva a defender Gleice Queiroz? É que sou JORNALISTA. E quando se tenta calar um jornalista por via judicial, não é o jornalismo que perde. É o todo da sociedade e a democracia que perdem! Simples assim! Essencialmente verdadeiro assim!

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