Ao confundir “direito ao patrimônio” com “patrimonialismo”, o deputado Rodrigo Valadares erra por ignorância ou erra por má fé? Entenda o caso

O deputado federal Rodrigo Valadares (UB) já foi até defendido aqui por AnderSonsBlog pelo fato de tomar posições firmes em relação ao que ele acredita politicamente.

E isso se deu não por conta deste site acreditar no mesmo que Rodrigo acredita, mas pelo fato de que, por ser um espaço para o Jornalismo de Opinião, seria um absoluto contrassenso não se defender que as pessoas… opinem, né verdade?

Além disso, o deputado expressa claramente o que pensa, principalmente em suas redes sociais, e em tempos de tanta patrulha ideológica, dizer o que pensa é sempre saudável, ainda que exija responsabilização pelo que é expresso, certo?

E é justamente nesse sentido, da responsabilidade pelo que se diz, que o bicho pega em relação a uma publicação de Rodrigo Valadares realizada há uma semana.

Numa leitura objetiva do que ele disse, reproduzida na imagem acima e aqui, agora – “O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confessou que a aprovação da reforma tributária será um ‘duro golpe no patrimonialismo'” – ou mesmo vendo o card, a imagem que acompanha a postagem, reproduzida logo abaixo, fica clara a intenção do parlamentar de “demonizar” a tal reforma como se ela tivesse o poder de se apoderar abusivamente do patrimônio das pessoas.

Só que a curiosidade é o combustível do jornalismo, assim como a vivência nessa seara e a convivência com gente de tantos espectros políticos diferentes acabam aguçando o sentido de ver além do que está à mostra.

E uma rápida pesquisa no Google, por exemplo, deixa claro que os termos “direito ao patrimônio” e “patrimonialismo” são antagônicos. O primeiro diz respeito às liberdades individuais, enquanto o segundo versa sobre o quanto o Estado, a depender do governo e dos governantes de plantão, invade sobre a propriedade do próprio Estado. Simples demais, né?

Só que a quantidade de interações com a postagem de Rodrigo esculhambando Haddad como se fosse ele o Desapropriador Geral da República indica que a intenção do deputado – ou da sua equipe, vai lá saber – foi mesmo confundir os dois termos e mexer com a cabeça das pessoas.

Haddad não precisa de defesa deste AnderSonsBlog – seguramente já tem quem o faça – e nem esta casa concorda que a reforma tributária será “duro golpe no patrimonialismo”, pois mantém a carga tributária alta e concentra arrecadação cada vez mais no âmbito federal, combatendo, se for o caso, o patrimonialismo nas gestões municipais e estaduais, e olhe lá se isso vingará, viu?

Só que, conhecendo Rodrigo como conhece, a casa aqui imagina que ele não confundiria alhos com bugalhos por ignorância. E também por conhece-lo não quer acreditar que ele tenha agido por má fé nesse imbróglio todo.

Assim, se não foi um erro terrível e passível de um pedido de desculpas – mesmo que sejam elas atacando o site que inicialmente publicou a descabida confusão de termos -, até pelo fato de se tratar de uma espécie de “terrorismo virtual” onde os seguidores do deputado literalmente ficaram com medo de ter suas propriedades “tomadas” pelo conteúdo da reforma tributária, a confusão entre o que é “direito à propriedade”, garantido pela Constituição, e o que é “patrimonialismo” nessa postagem de Rodrigo Valadares merece no mínimo uma reunião com o pessoal do marketing e um aviso do tipo: “pessoal, vamos combater o bom combate (N.R. do ponto de vista deles, ok?), mas sem dar brecha pra confusões desse tipo e para a, mesmo que involuntária, geração de fake news, beleza?”. Que siga o baile!

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