Candisse Carvalho é citada pelo O Globo como opção petista pra Aracaju a partir de fala do senador Humberto Costa. Mas teve gente que avaliou se tratar de notícia ‘plantada’. Pode isso, Arnaldo?

AnderSonsBlog já alertou e seguirá alertando que as Eleições 24, em Aracaju, carecerão de muito cuidado e atenção por parte de todo mundo para que não incorramos num erro fatal: mensurar quem postula a prefeitura de Aracaju por questões de gênero.

Pra ficar claro: será uma eleição com uma presença feminina na disputa inédita na história aracajuana. E isso exigirá, sim, um tratamento diferenciado para que possamos ter uma eleição igualitária. Pra ficar mais claro ainda: as mulheres, que neste momento, estão prés a prefeita e depois, finalmente candidatas, não terão que ser tratadas de forma diferente, mas sim de maneira absolutamente igual pra que a eleição seja realmente justa.

Ou seja: não se trata de avaliar a candidatura pelo gênero, mas pelas suas qualidades e potencialidades no trato com os problemas e as soluções de e para Aracaju. Somente e tão somente isso!

Aí, no início dessa semana que está terminando, saiu uma matéria no jornal O Globo, à cargo da jornalista Victoria Abel, em que diversas pré-candidaturas são analisadas sob o viés da polarização política ocorrida nas eleições presidenciais de 22.

Assim, nomes do PL e do PT são analisados e, dentre estes, o nome de Candisse Carvalho (PT) é claramente citado para Aracaju, com foto e tudo, pra exemplificar a movimentação petista em busca de nomes viáveis e qualificados para a disputa em todos o país.

Até aí, nada demais, né? Mas houve um certo desdém por parte da mídia sergipana em relação a essa citação – e olha que quando é do interesse dessa mesma mídia, qualquer coisa de Sergipe que é citada por veículos nacionais… Ave Maria, pense num carnaval da peste que é feito!

Só que houve algo ainda mais reprovável: teve gente que perguntou, maldosamente, quem é que teria ‘passado’ essa informação para a jornalista de O Globo. Ou seja, quem faz esse tipo de insinuação nem leu a matéria, né verdade?

Sim, porque na própria matéria consta a seguinte fala do senador Humberto Costa (PT): “foram feitas pesquisas e discussões com o partido nessas capitais (N.R. Aracaju inclusa) e quadros mais novos foram bem aceitos”. Só pra se ter uma ideia de com que autoridade Humberto Costa se manifesta, ele é o coordenador nacional para eleições municipais do PT.

Percebe, leitor e leitora, como no afã de tentar desmerecer o nome de Candisse como pré a prefeita de Aracaju, tem quem tente transformar a aparição dela numa matéria de um jornal conceituado nacionalmente como se fosse uma mera info ‘plantada’, numa clara alusão a uma suposta influência na mídia de ‘cima para baixo’?

E percebe também, leitor e leitora, o quanto esse tipo de questionamento raso e fuleiro mesmo acaba resvalando perigosamente na misoginia? Sim, porque se a pessoa quiser – e aqui vale pra todos: jornalistas, políticos, eleitores e eleitoras – questionar alguma pré-candidatura, que faça isso em cima de questões inerentes à própria pré-candidatura, isso é normalíssimo e é do jogo!

Já o que foi tentado em relação a Candisse Carvalho foi desconsiderar sua legitimidade enquanto possível pré a prefeita pelo PT insinuando que a citação de seu nome nessa matéria se daria pelo poder de influência que o mandato do marido dela, o senador Rogério Carvalho, tem junto à mídia nacional a partir de Brasília.

E tudo isso feito de forma sorrateira, vil mesmo. Portanto, e mais uma vez, de novo e novamente, fica aqui um alerta de AnderSonsBlog – que, por sinal, também se policia o tempo todo, pois o machismo estrutural é algo do qual não nos livramos do dia para a noite – de que para as Eleições 24 em Aracaju serem justas, todos teremos que parar de linkar as mulheres que estarão na disputa com quaisquer que sejam as questões de entorno e que as analisemos como apêndices disso, daquilo ou daquilo outro.

As mulheres na disputa serão uma realidade e isso implica analisar suas plataformas de governo, suas ideias, seus ideais políticos pelo o que são e jamais e em tempo algum ‘julgá-las’ por serem… mulheres, mães, irmãs, filhas, amigas, esposas e que tais. A democracia agradecerá muito se todo mundo se atentar pra esse ‘detalhe’ fundamental para que possamos evoluir como sociedade, tá bom? Simbora!

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