O ano era 20, ano eleitoral. E se havia uma eleição em Sergipe considerada favas contadas, essa era a de Everton Lima, prefeito de São Miguel do Aleixo, dono de uma aprovação recorde e com intenção de voto nas pesquisas à época que superava incríveis 90%!

Mas na tarde do dia 13 de novembro daquele ano, dois dias antes da eleição – vale lembrar que, por conta da pandemia, as eleições em 20 aconteceram no dia 15 daquele mês –, a tragédia se abateu sobre Aleixo e comoveu todo o Sergipe: um acidente automobilístico vitimou Everton aos 32 anos de idade.

A dor naquele momento era descomunal. A família estava em estado de choque e todo o povo do Aleixo estava atordoado. Era partir pra eleição do jeito que fosse possível, recolhendo os cacos pelo caminho e aceitando o destino que se impunha sobre todos.

Gilton Menezes, vice naquela gestão de Everton, foi alçado a condição de cabeça de chapa. Mas a foto na urna, leitor e leitora, seguiria sendo a de Everton Lima, numa última homenagem que o povo aleixense prestaria ao melhor prefeito da história do município.

O resultado foi acachapante: o espólio político-eleitoral de Everton foi transferido quase que na sua totalidade para Gilton e este venceu a eleição com 87,38% dos votos válidos e com 100% de gratidão e respeito de Gilton a Everton, a sua família e a sua memória.

Que história, apesar de dolorosa, bonita essa, não é verdade?

Pois é, seria, sim, uma história linda e inspiradora se não fosse o ardil que está se armando nos bastidores da política do Aleixo neste ano da graça de 23.

Como teve que assumir até o final do mandato do saudoso Everton, Gilton não poderia concorrer à reeleição nas Eleições 24. E ficou tudo certo e garantido, especialmente no ideário e no sentimento do povo aleixense, que Gilton retribuiria a confiança e o apoio da família Lima no próximo ano apoiando a irmã de Everton, Cleane do Aleixo, como sua substituta natural.

Aliás, Cleane foi a secretária de Finanças de Everton – cargo que ocupou também na gestão de Gilton por mais de um ano. E quem comanda as finanças é capaz de garantir uma gestão qualificada como foi a de Everton, a ponto de sua aprovação, até a sua morte, ser simplesmente a maior em todo o Sergipe.

Mas, assim como o tempo, infelizmente a gratidão, pelo menos para os ingratos, também passa. Só que, como se sabe, quem não é grato também não é digno de confiança.

E as conversas de bastidores no Aleixo dão conta de que Gilton não só não apoiará Cleane para prefeita, como também anda detonando a gestão de Everton – segundo dizem que o prefeito diz à boca miúda – e ainda planejaria “importar” uma candidatura a prefeito que seja de sua “preferência pessoal” – se é que o leitor e a leitora me entendem.

O nome que já foi aventado – além de outros que tentaram antes, sem sucesso diante da própria insignificância – é o do vereador por Itabaiana, David de Nem de Tonho de Glória. E não há nenhum problema no parlamentar itabaianense querer ser prefeito do Aleixo, é um direito dele!

O problema está na possibilidade do prefeito Gilton vir a apoiar David – ou qualquer que seja outro nome – em detrimento do apoio à candidatura de Cleane do Aleixo.

Esse é o tipo de traição, se vier mesmo a ocorrer, será de uma covardia sem tamanho, pois se estará traindo a memória de uma pessoa que, em menos de 4 anos, conseguiu mudar a realidade por completo da tão sofrida São Miguel do Aleixo.

Ainda não há nada em definitivo, mas se realmente Gilton seguir por esse caminho tortuoso, periga ele ser vítima de uma máxima que o ex-jogador, ex-treinador e multicampeão Muricy Ramalho sempre expõe: para ele, Muricy, quando o trabalho no futebol é feito com falta de ética e de responsabilidade, pode ser a peste, mas, eis a frase de Muricy, “a bola pune!”.

Seguindo a trilha de uma traição política de tamanha envergadura, a máxima poderá ser adaptada para Gilton: “a urna pune”, prefeito! Reforçando: “a urna pune” e o eleitorado não perdoa uma traição tão clara! Que siga o baile!

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