VALE LEITURA – Rian Santos, no JL Política, levanta tema necessário: Amorosa prescindir a arte pela religião é decisão pessoal, sem problema! Mas fazer isso gerindo a Cultura estadual?

Não há nada mais didático e revelador do que as redes sociais no sentido de se avaliar o comportamento das gentes que se expõem tranquilamente nessas ferramentas comunicacionais tão frementes em nossos tempos, né verdade?

Por isso mesmo que AnderSonsBlog se maravilhou com o texto do sempre PHodástico – com PHs maiúsculos, pra acentuar sua verve certeira – jornalista Rian Santos, publicado no sempre fundamental JL Política & Negócio (leia a publicação original AQUI) sobre o comportamento, digamos, no mínimo difuso de Amorosa, artista de primeira grandeza em nossas plagas, quanto a sua própria religiosidade. Até esse ponto, nada a reparar ou a contestar, afinal ela tem todo o direito de crer no que desejar e ninguém tem nada com isso.

Só que Amorosa é a gestora da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) neste governo de Fábio Mitidieri (PSD). E isso é algo amplo o suficiente para que a gestora – ou quem quer que esteja de plantão numa gestão essencial pra cultura sergipana como essa o é – tenha pra si as suas particularidades religiosas ou de outros matizes de forma a não dar margem para que se coloque em riscos desnecessários o trabalho a que se comprometeu ao aceitar um cargo público, via nomeação, e que tem a obrigação de contemplar a todos, sem nenhuma chance pras exceções, sejam elas religiosas, de outros matizes ou não! Aqui estamos falando de Cultura e, por consequência, de uma pluralidade absoluta e sem meios termos, beleza?

E AnderSonsBlog nem vai discorrer sobre o que Rian Santos verbaliza acerca de uma figura gigante como o saudoso Ismar Barreto. Melhor deixar que o leitor e a leitora leiam o que vem a seguir e que tirem suas próprias conclusões.

No mais, boa leitura, pois a casa aqui garante: vale à pena!

Amorosa e o apocalipse

Rian Santos*

Poucos encarnam o combo reacionário de fé e política como faz Antônia Amorosa. Embora nunca tenha pedido voto para si mesma, Amorosa sempre esteve à sombra de gente poderosa, a exemplo do governador João Alves Filho.

Só com a emergência do projeto de poder neopentecostal, entretanto, a sua face mais controversa encontrou o ambiente propício para se mostrar impunemente.

Hoje, para minha tristeza, ela é menos cantora, menos gestora cultural, menos servidora pública. Amorosa é mais uma entre os pregadores do apocalipse.

Sim, refiro-me a episódios como a gafe carnavalesca de Baby do Brasil. E vou além. Se, durante o mais recente reinado de Momo, Amorosa tornou pública a revelação que lhe preveniu sobre a pandemia de Covid-19, muito antes de o vírus matar 700 mil brasileiros, o desprezo dedicado à sua própria obra e trajetória é ainda mais preocupante.

Visito a página de Amorosa nas redes sociais e me dou conta de algo que aos meus ouvidos soa absurdo: os versos entoados com precisão indiscutível não carregam mais nenhum vestígio da obra de um Ismar Barreto, por exemplo.

Todas as notas arrancadas à sua garganta são dedicadas ao deus de olhos azuis de roliúde. O amor doído e o traço sacana do maior entre os maiores compositores da terrinha já não contem com a defesa da cantora para sobreviver.

Neste particular, um post de Amorosa chama a atenção pelo desserviço flagrante. Se vivo estivesse, Ismar Barreto teria feito 69 no dia 1º de outubro de 2022 – em mais de um sentido, talvez.

Ao invés de chamar a atenção para a riqueza de sua música, no entanto Amorosa preferiu falsear a realidade e depor a respeito de supostos arrependimentos e de uma suposta conversão, revelando as prioridades e aflições do próprio espírito. Esta é uma visão de mundo legítima, não resta dúvida. Mas não acrescenta nada, nem uma vírgula, à cultura de Sergipe.

Admirador declarado da voz forte de Amorosa, nunca me furtei a eventuais ressalvas à sua atuação como gestora.

Mais triste é constatar que a sua religiosidade tem o potencial de suplantar o trabalho realizado nos palcos, contaminando também o ambiente criativo da terrinha. Deus nos livre.

*é Jornalista

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2 Comentários

  • Ribeiro Filho

    23 de fevereiro de 2024 - 18:26

    Li os dois textos, o original de Ruan Santos, que não tem nenhuma originalidade. Pelo visto o jornalista queria mesmo era pegar carona no embate d3 Baby do Brasil e Ivete Sangalo, que viralizou em toda mídia nacional. O rapaz não sabe se elogia a voz e arte da maior cantora de Sergipe, ou se levanta um possível embate sobre sua religiosidade. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é coisa nenhuma. Entenderam? O nobre jornalista Anderson Crhistian já trouxe para seu blog textos mais interessantes. O texto do Rian Santos apenas demonstra mais uma vez sua insatisfação política, com a perda do domínio da cultura, por parte dos vermelhinho, que ocuparam aquela casa por quase 16 anos improdutivos. A democracia suscita a alternância dos gestores em todas as esferas do poder público. Rian Santos, a cama ainda é um lugar quente para chorar suas saudades.

  • Aparecida de Fátima Soares

    23 de fevereiro de 2024 - 19:15

    Gente, que texto medíocre, preconceituoso…difícil imaginar ser de alguém que lá atrás já escreveu textos plausíveis, profundos e inteligentes. Sem precisar pegar carona no cometa de ninguém para atingir alguém com seus méritos inegáveis no que sempre se dispôs a desempenhar…Difícil!

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