Antes de apontar o “responsável” pela vitória de Fábio ou o “responsável” pela derrota de Rogério, que tal analisar a decisão de cada um deles?

Pós-eleição, resultados postos, claro que fica fácil tocar “viola de boca” ou ser “engenheiro de obra pronta”. Normalíssimo isso!

E AnderSonsBlog vai pegar uma ponga nesse comportamento, mas fazendo uma ressalva: na análise a seguir, a proposta será trazer uma hipótese que, de fato, não aconteceu num dos lados que disputou o 2º turno da eleição governamental sergipana, mas que efetivamente aconteceu no outro lado que, não por acaso, se sagrou vencedor. Vai acompanhando o raciocínio aí, leitor e leitora!

De um lado e do outro

Terminado o 1º turno, um dos lados restantes na disputa entregou a coordenação da sua campanha a um político de grande expressão que teve questões jurídicas como percalços, sendo que essa liderança conseguiu tirar alguém de dentro da própria casa e eleger para a Câmara Federal com uma das duas maiores votações, beleza?

Já no outro lado, um político de grande expressão e que também teve questões jurídicas como percalços, vejam só, tirou alguém de dentro de casa direto para a eleição à Câmara Federal entre as duas maiores votações, ora pois! Mas, nesse caso, sem que tenha vindo a assumir um protagonismo efetivo em termos de coordenação da campanha para a qual declarou apoio após o 1º turno.

Cada caso…

Fica fácil identificar, né? Mas, mesmo assim, vamos esmiuçar: Fábio Mitidieri (PSD) chamou André Moura (UB) para coordenar sua campanha na fase final da disputa. André, que tem questões judiciais pendentes – e, aqui, AnderSonsBlog abre um parêntese absolutamente pessoal: mesmo respeitando todas as decisões judiciais, a casa aqui confessa que torce para que André as resolva e possa voltar livre, leve e solto à política sergipana como candidato, pois trata-se de um dos grandes quadros da política nacional, independente de qualquer coisa ou de quaisquer ataques que a ele sejam deferidos (e isso levando em consideração que o próprio blog pode ser atacado por assumir tal posicionamento, certo?) –, fez de sua filha, Yandra de André (anotem mais essa coincidência, ok?), a deputada federal mais votada da história e, claro, a primeira colocada em 22.

A decisão de Fábio, aliás, sofreu críticas. Então o então candidato jogou uns panos quentes e manteve a decisão de agregar André como figura central de sua campanha no 2º turno.

As críticas se deram pelas pendências na Justiça de André que, aliás, são sempre levantadas em períodos eleitorais dos quais ele participe, sem exceção, esteja ele, como hoje está, na base governista, estivesse ele, como já esteve, na linha de frente da oposição.

Mas aqui é que entra algo simples, mas muito necessário em qualquer campanha: o poder de decisão, de dar a palavra final. E, nesse caso, Fábio exerceu o que lhe era de direito e o resto é história.

…é um caso!

Já Rogério Carvalho (PT), desde antes do processo eleitoral e de maneira ainda mais clara no início do 2º turno, jamais escondeu de ninguém o desejo de ter Valmir de Francisquinho (PL) como um de seus apoiadores. Acontece que duas situações distanciaram os dois: Valmir manteve sua candidatura a governador e, vejam que ironia do destino, Jair Bolsonaro se filiou ao PL de Valmir justamente neste ano da graça de 22. Assim, vencendo no 1º turno, mas não levando por conta de questões judiciais – abrindo outro parêntese totalmente pessoal: o tal Julgamento da Cor Azul, com todo respeito aos julgadores, foi uma tremenda excrecência que marcou estas eleições e ainda renderá muito ao longo dos próximos anos. E nem cola o argumento de que a elegibilidade de Valmir e de seu filho, Talysson, só veio após o apoio à Rogério, já no 2º turno, pois será que alguém realmente acredita que a utilização de uma determinada cor elege ou deselege alguém a ponto de ensejar uma inelegibilidade punitiva? –, Valmir elegeu como segundo mais votado para a Câmara Federal seu filho, Ícaro de Valmir (lembrou de anotar aquela coincidência? Yandra de… André! E Ícaro de… Valmir!, né isso?), que vem a ser o mais jovem deputado federal eleito do Brasil, como o segundo mais votado!

Mas, como já dito, Rogério sempre quis o apoio de Valmir e o recebeu, afinal! Só que isso não significou oferecer em troca um protagonismo a altura de uma coordenação de campanha de 2º turno, como se viu.

Conjecturar sobre as razões que levaram Rogério a não alçar Valmir a seu coordenador na fase final da disputa é relativamente fácil: como os embargos ao Julgamento da Cor Azul só aconteceram após o 1º turno, Valmir teve o direito de recorrer e pleitear a sua presença no 2º turno, o que não deu certo, mas era um direito líquido e certo dele; por Valmir ser do PL e por Bolsonaro ter se filiado ao mesmo PL, o antagonismo nacional pode ter sido decisivo, em especial depois que bolsonaristas radicais fizeram aquilo que sabem fazer: radicalizar – óbvia e espertamente insuflados pela campanha de Fábio, claro!

Enfim, seja como for, Rogério simplesmente não optou por pegar uma figura política de imensa importância em todo o processo eleitoral deste ano, como foi e segue sendo Valmir, e elevá-la a uma posição de destaque real em sua jornada em busca da vitória para o governo no 2º turno. E isso não pode ser transferido por se tratar de decisão do próprio candidato, que é quem deve assumir a responsabilidade da palavra final nessas horas, né verdade? Simplificando: Rogério não escolheu Valmir como seu coordenador e ponto, ora bolas!

E, finalmente, chegamos aos finalmentes!

E aonde é que AnderSonsBlog quer chegar ao traçar esse paralelo hipotético entre as duas campanhas e seus respectivos direcionamentos durante o 2º turno? Simples: dar “a Cesar o que é de Cesar”, a Fábio o que é de Fábio e a Rogério o que é de Rogério.

Porque é um exagero considerar que a responsabilidade pela vitória de Fábio é de André Moura. Lógico que ele teve sua importância, especialmente na Grande Aracaju, já que na região em que ele, originalmente, possui maior influência, Japaratuba e Pirambu, por exemplo, Fábio não se saiu bem. Mas responsável pelo resultado das eleições? Peraí, dá um tempo…

E é uma tremenda injustiça atribuir a derrota de Rogério a Valmir de Francisquinho. Primeiro porque ele não exerceu um papel central e de comando na campanha de Rogério no 2º turno. E depois porque na região aonde Valmir tem maior influência, o Agreste, o desempenho de Rogério do 1º para o 2º turno simplesmente deu um salto quântico em termos de votos, ora pois! Agora, responsável pelo resultado de Rogério? Que que é isso, gente boa?!

Então, vamos ao famoso “freio de arrumação”: espertalhões, seja para incensar André Moura, seja para detonar Valmir de Francisquinho, cometem a desonestidade intelectual de imputar a eles um papel definidor das Eleições 22 no 2º turno enquanto, na verdade, diante do que cada um decidiu para si a para sua campanha, o maior responsável pela vitória de Fábio é… Fábio! E o maior responsável pela derrota de Rogério é… Rogério! Simples assim! Ah, e valeu pela paciência diante desse textão, beleza?

 

 

Gostei 0
Não Gostei 0

1 Comentário

  • Marcelo Silva Gomes

    2 de novembro de 2022 - 17:47

    Amigo Anderson,
    Não seria diferente a sua análise… gosto demais dos seus escritos… mas, tirar o protagonismo daqueles que fizeram a diferença diante de uma vitória, para apenas e simplesmente salvar Valmir desse desgaste… rsrsrs como você mesmo disse “Ora Bolas, meu amigo perdeu mão”, mas nada que um “freio de arrumação” não resolva… Estamos de braços abertos!!! Aqui é o seu lugar… Xerus no coração…

Deixe um Comentário