Yandra Moura ataca a violência política de gênero e coloca o dedo numa ferida que está mais exposta do que nunca: com mais mulheres se interessando e entrando na política, é preciso estar atento e forte ao respeito que elas merecem!

Na última quinta, 4, à tarde inteira na Alese foi dedicada a debater as mulheres na política a partir da presença da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados Itinerante. Evento qualificado e importante que, se AnderSonsBlog puder fazer uma ressalva, só o fará em relação a divulgação tímida que o próprio evento teve.

No mais, tudo muito bom. Mas uma das falas realizadas naquela tarde, replicada nas redes sociais da deputada federal Yandra Moura (União), que é pré a prefeita de Aracaju, ficou martelando no córtex cerebral aqui da casa.

Pega a visão aí sobre o que fala Yandra: “capacidade intelectual e profissional questionada. Atribuições de sucesso a fatores externos, como aparência ou relações pessoais. Dificuldade em ser reconhecidas como especialistas em suas áreas, isso tudo é uma violência política de gênero”.

Os pontos elencados por Yandra dizem respeito à uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás que foi apresentada a ela na Câmara dos Deputados. E a parlamentar vai adiante, destacando que ela mesma, vítima desse tipo de violência, nem se dava conta de que estava sendo atacada via a abjeta violência política de gênero.

Quando a universidade foi apresentar essa pesquisa, eu falei: pera aí, eu tô sofrendo uma violência política de gênero no meu estado e eu nem sabia. Tô sofrendo por parte de um senador da República e por parte de um prefeito”.

Pra esclarecer: por parte do senador diz respeito as declarações de Alessandro Vieira (MDB) de que não votaria em Yandra pra não “dar as chaves do cofre da prefeitura de Aracaju pra André Moura”. E por parte do prefeito, Yandra se refere ao episódio em que Edvaldo Nogueira (PDT) disse que o mesmo André teria dito que apoiaria quem o próprio Edvaldo indicasse, numa história meio sem pé nem cabeça por conta das discrepâncias temporais entre a suposta fala de André e o efetivo lançamento da pré a prefeita de Yandra.

E a deputada encerra sua fala de forma contundente e irônica na medida certa: “porque a todo tempo estão atribuindo que as minhas qualidades são fruto de meu pai estar atrás de mim. No mínimo meu pai vota por mim lá no Câmara dos Deputados. No mínimo meu pai destina os meus recursos, porque o senador teve a capacidade de dizer que é meu pai que destina os recursos que eu mando para os municípios”.

Não precisava ser mais clara! Yandra coloca o dedo numa ferida exposta que precisa ser limpa, desinfeccionada e devidamente tratada, pois querer impor a Yandra uma invisibilidade por ela ser filha de André Moura chega a ser uma imoralidade!

E vale também pra quem quer porque quer dizer que Candisse Carvalho, pré a prefeita pelo PT, só está nessa posição por ser esposa do senador Rogério Carvalho, também do PT. E vale o mesmo pra quem tenta fazer parecer que Emília Corrêa (PL) só é pré a prefeita por conta de sua opção religiosa – inclusive, nesse caso, foi até um aliado dela, o deputado federal Rodrigo Valadares (União), que na filiação de Emília ao PL disse que Aracaju teria “uma mulher de Deus como prefeita”, como se as outras mulheres não fossem filhas d’Ele e como se a religião fosse predicado pra se candidatar, ora boas!

Perá lá, gente! Estamos com praticamente ¼ do século 21 já vencido e ainda temos que ouvir sandices como as ditas por tanta gente graúda na política sobre as mulheres na política? Olha só: votar ou não em Yandra, em Candisse, em Emília ou em qualquer outra mulher nas Eleições 24 tem que ser uma decisão tomada a partir do que Yandra, Candisse ou Emília falem, proponham, debatam e apresentem.

Não dá pra passar a mão na cabeça de quem, por tê-la internamente vazia, ataca candidaturas femininas ‘acusando-as’ de serem filhas, esposas ou de professarem esta ou aquela religião. E o pior é que depois essas mesmas cabeças de ‘miolo de pote’ abrem suas bocarras para falar da importância da participação feminina nas disputas eleitorais, mas silenciam quanto ao medo que sentem de ver mulheres no comando.

Por isso, Yandra tá certa e, da parte deste AnderSonsBlog, a violência política de gênero será sempre denunciada. Afinal, votar ou não em quem quer que seja, e aí vale para homens e para mulheres, é decisão a ser tomada com base no que as candidaturas são em si e não com base em conjecturas que tentam impor uma invisibilidade, especialmente no caso de mulheres, que em nada combina com o poder que o voto representa, né isso? Pra cima!

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