Busca e apreensão contra Jean Oliveira, que incitou assassinato de Sérgio Reis, é a ponta do iceberg que, finalmente, pode colocar ‘milicianos digitais’ na berlinda e identificar os mandantes desse tipo de crime

A sexta, 5, foi um dia que misturou alívio e esperança pra população de Lagarto – e, porque não, de todo e qualquer lugar – em relação a um crime que, pros ‘valentões’ da internet, simplesmente não parecia haver punição.

É que a Polícia Civil sergipana realizou busca e apreensão na residência de Jean Oliveira, aquele mesmo que tascou a terrível frase “se fosse comigo eu descarregava uma pistola na cabeça de Sérgio Reis na frente da Alese”.

Afora a injustiça cometida, já que as ameaças a Sérgio eram em consequência da demissão em massa, inclusive de mulheres grávidas, cometida pela prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro (SD) por erro e descumprimento de decisão judicial por parte da própria gestão de Hilda, o ataque em si é reprovável sob todos os aspectos, afinal a vida vale mais do que qualquer que seja o posicionamento político de quem quer que seja, ora pois!

Mas é preciso que reflitamos sobre esse assunto de forma menos pessoal e mais abrangente. Primeiro ponto: Jean agiu sozinho, fez isso de forma impensada e autônoma? A própria polícia, ao revelar que existem 19 boletins de ocorrência (BO’s) contra ele, sempre por crimes de ameaças e atentados contra a honra alheia, dá indícios de que Jean não agia sozinho, que tinha as devidas ‘costas-quentes’ a lhe dar garantias de impunidade.

Sim, porque de qual outra maneira o cabra iria repetir, com o crime cometido contra Sérgio Reis, 20 vezes o mesmo modus operandi, ser denunciado e seguir cometendo o mesmo tipo de crime ad infinitum? É um tanto quanto óbvio que tem alguém por trás, né verdade?

Assim, e ainda que, passado cerca de um mês do cometimento da ameaça de morte mais recente, justamente a contra Sérgio, fosse muita burrice não apagar tudo o que estava no celular, o que pode se esperar dessa análise do aparelho apreendido com Jean é a movimentação dele na net, em mensagens e rastros digitais, para se chegar a quem pode ter sido o mandante dos crimes.

Outra questão importante é lembrar que esse tipo de ameaça, de ‘juramento’ de morte, não intencionava calar apenas quem recebia a ameaça. Na verdade, a ideia desse tipo de ação miliciana é meter medo em todas as pessoas.

E como, invariavelmente, as ameaças feitas por Jean, como novamente observou a Polícia Civil, se davam por conta dele ter um lado político – ou seria melhor politiqueiro? – muito claro em Lagarto, em apoio à atual administração municipal e em ataque a qualquer posicionamento em contrário ao dele, a intenção era claramente impedir o debate político, intimidando quem, por suas razões legítimas e democráticas, discorda da gestão de Hilda em algum ponto.

Ora, mas se fosse pra todo mundo falar só bem, nem mesmo a gestão conseguiria fazer algo minimamente decente, visto que a discordância político-administrativa é fundamental para que se qualifique a própria gestão.

E, finalmente, às vésperas de uma eleição que promete ser das mais disputadas, já imaginou o quão prejudicial para Lagarto e para o futuro do município se ter uma eleição em que a população não pode se manifestar por conta do medo de ser atacado na internet ou mesmo na vida real?

Assim, que a busca e apreensão contra Jean Oliveira sirva como lição para os ‘milicianos digitais’ de que a internet não é terra sem lei, não! E que Lagarto, terra de gente inteligente e esclarecida, não pode cair no obscurantismo eleitoral por conta de uma turma financiada para tocar o terror contra as necessárias divergências dentro de um ambiente democrático. Sem mais!

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